Ele era um dos maiores músicos instrumentais quando teve a vida
ceifada por um aneurisma cerebral, com apenas 36 anos. Uma perda imensa, não
apenas para o rock progressivo brasileiro, mas para uma legião de fãs que
aprendeu a amar as belas composições desse mineiro, que atravessava o melhor
momento de sua carreira. Marco Antonio Araújo é um nome hoje pouco lembrado, mas
quem conhece sua obra não se esquece jamais.
Poucos comentam a obra e vida de Marco Antonio Araújo, um dos maiores representantes da música mineira dos anos 80 e que ganhou o epíteto de Egberto Gismonti da década de 80.
Marco Antonio Araújo era um tesouro local e, justamente quando começava a ter seu nome conhecido nacionalmente, veio a falecer no dia 6 de janeiro de 1986, vítima de um aneurisma cerebral, após ficar cinco dias internado na UTI do Prontocor, em Belo Horizonte.
Um fim trágico para um músico que havia dedicado o último disco ao filho recém-nascido, Lucas.
Marco Antonio Araújo nasceu na capital mineiro, no dia 28 de agosto de 1949. Como todo adolescente nos anos 60 se apaixonou pelos Beatles e pelos Rolling Stones e resolveu, em 1968, ingressar no grupo Vox Populi, que contava com Tavito e Fredera, que depois formariam o Som Imaginário. Ficou um ano no grupo, que lançou um compacto, Pai-Son (parceria com Zé Rodrix), pela gravadora Bemol.
Marco já estava absolutamente apaixonado pela música e resolveu abandonar o curso de economia e o emprego em um banco para se dedicar a ela. Em 1970, resolve morar em Londres, onde ficaria dois anos "tietando" (expressão do próprio músico) grupos como Led Zeppelin, Deep Purple, Pink Floyd, Rolling Stones etc. Cansado de correr atrás dos grupos, viu que deveria voltar ao Brasil e começar a carreira de músico.
Assim, retorna ao Brasil e vai morar no Rio de Janeiro, onde foi estudar composição com Esther Sciar e aprendeu violão clássico e violoncelo com Eugen Ranewsky e Jacques Morelenbaum, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Começa a compor trilhas sonoras para cinema, teatro e balé, entre eles a peça Rudá, de José Wilker e Cantares, um balé apresentado pelo grupo CORPO.
Marco acaba se apaixonando e casando com uma das bailarinas, Déa Marcia De Souza.
Marco mostrou-se um músico brilhante e volta para BH, em 1977, e passa a integrar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde ficaria até o fim da vida.
Marco faz pequenos shows no ano seguinte, onde era acompanhado pelo grupo Mantra. As composições instrumentais mesclavam o rock progressivo com a mais pura tradição mineira de quadrilhas, modinhas e serestas.
Entre 1978 e 1979 apresentou os shows Fantasia e Devaneios, tendo a companhia de Carlos Bosticco (flauta), Hannah Goodwin, no violoncelo, seu irmão Alexandre Araújo na guitarra, Gregory Olson, no contrabaixo, Benoir Clerk, na trompa e Sergio Matos, na percussão.
Aos poucos vai formando um grupo de músicos que o acompanharia: Alexandre Araújo (guitarra), Ivan Correia (baixo), Mario Castelo (bateria), Eduardo Delgado (flauta), Antonio Viola (violoncelo), Max Magalhães (piano) e Lincoln Cheib (bateria).
Em 1980 edita, de forma independente, o primeiro LP, Influências, que recebe grandes elogios da crítica especializada e é divulgado com 74 shows.
O disco ganha boa receptividade fora de Minas Gerais e Marco monta uma produtora independente, Strawberry Fields, a canção dos Beatles que o fez amar o quarteto.
Mais maduro, Marco lança outro disco, em 1982, o belo Quando a sorte te solta um cisne na noite e viaja pelo interior de Minas Gerais, através do projeto Acorde Minas, em parceria com a Rede Globo Minas, a Coordenadoria de Cultura do Estado e de sua produtora, Strawberry Fields.
O disco é novamente elogiado pela crítica, mas Marco sentia que precisava expandir seu público e atingir outros estados, especialmente Rio e São Paulo.
O novo trabalho mostrava Marco cada vez mais maduro no violão Ovation e a banda mais coesa.
Incansável, Marco não parava de trabalhar nem um segundo e resolve inovar no terceiro LP, Entre um silêncio e Outro, de 1983.
Para isso, convidou o violoncelista Jacques Morelenbaum, o flautista Paulo Guimarães e o violoncelista Márcio Mallard e formaram um grupo de câmara que gravou apenas duas "Fantasias Nº 2" e "Fantasias Nº 3". Ao ser editado em CD, trazia ainda as faixas "Abertura I", "Abertura II" e "Cantares II".
A capa trazia uma tela do artista Carlos Scliar - "Vinil Encerado Sobre Tela", feita especialmente para Marco e inspirada em sua música. Dentro do disco, um bela capa dupla colorida, havia um texto do próprio Marco falando de sua obra.
No mesmo ano, nasce seu primeiro filho, Lucas, no dia 2 de agosto. Inspirado pela paternidade, Marco parte para gravar um novo disco, para muitos sua obra-prima: Lucas.
Um disco maduro e que mostrava um homem mais esperançoso e preocupado com o futuro.
No ano seguinte, é editado uma coletânea, Animal Racional, e Marco chegava ao auge da carreira, com shows pelo Brasil inteiro, ao lado do grupo Mantra.
Marco havia regressado a Belo Horizonte, onde iria receber, no dia 7 de janeiro de 1986, um prêmio da Revista Veja como o melhor músico instrumentista do país.
Subitamente, sofreu uma hemorragia cerebral e entrou em coma profundo, vindo a falecer, no dia 6, véspera da premiação. Marco tinha uma viagem agendada para Nova York na semana seguinte.
A perda devastadora jamais foi completamente absorvida e entre os dias 7 e 9 de agosto foi realizado o show Lembranças, para celebrar o 37º aniversário de Marco. Participaram dele Alexandre Araújo, Ivan Correia, Lincoln Cheib, Mauro Rodrigues, Antonio Viola, José Marcosa, Max Magalhães, além de convidados como André Geraissati, Egberto Gismonti, Toninho Horta, entre outros.
Aquele mineiro de técnica refinada e que amava tanto a música pop bem como a mineira e a clássica deixou um legado jamais esquecido pelos fãs e por quem acabaria descobrindo sua obra apenas após sua morte. Texto: Mofo.
Influências (1981)01. Panorâmica
02. Influências
03. Bailado
04. Abertura N.2
05. Cantares
06. Folk Song
07. Entr Act I & II
08. Floydiana II
02. Influências
03. Bailado
04. Abertura N.2
05. Cantares
06. Folk Song
07. Entr Act I & II
08. Floydiana II
Quando A Sorte Te Solta Um Cisne Aa Noite (1982)01. Floydiana
02. Alegria
03. Quando a Sorte te Solta um Cisne na Noite
04. Pop Music
05. Adágio
06. Ilustrações
07. Cavaleiro + Trilha Bale Cantares
08. Sonata para Cello e Violão
02. Alegria
03. Quando a Sorte te Solta um Cisne na Noite
04. Pop Music
05. Adágio
06. Ilustrações
07. Cavaleiro + Trilha Bale Cantares
08. Sonata para Cello e Violão
Entre Um Silêncio E Outro (1983)01. Abertura I
02. Abertura II
03. Cantares II
04. Fantasia N° 2: Romance
05. Fantasia N° 3: Folhas Mortas
02. Abertura II
03. Cantares II
04. Fantasia N° 2: Romance
05. Fantasia N° 3: Folhas Mortas
Lucas (1984)01. Lembranças
02. Caipira
03. Lucas
04. Para Jimmy Page
05. Brincadeira
06. Cavaleiro
07. 3rd Gymnopédie
02. Caipira
03. Lucas
04. Para Jimmy Page
05. Brincadeira
06. Cavaleiro
07. 3rd Gymnopédie
01. Grave
02. Folk Song
03. Influências
04. Floydiana II
05. Cedral Corumbá
06. Panorâmica
02. Folk Song
03. Influências
04. Floydiana II
05. Cedral Corumbá
06. Panorâmica
CD 2.
01. Para Jimmy Page
02. Caipira
03. Lembranças
04. Lucas
05. Abertura N° 2
06. Valsa Floydiana
02. Caipira
03. Lembranças
04. Lucas
05. Abertura N° 2
06. Valsa Floydiana
Animal Racional (Coletânea 1985)01. Floydiana
02. Bailado
03. Folk Song
04. Influências
05. Quando a Sorte Te Solta Um Cisne na Noite
06. Abertura Nº 2
02. Bailado
03. Folk Song
04. Influências
05. Quando a Sorte Te Solta Um Cisne na Noite
06. Abertura Nº 2
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