Please enable / Bitte aktiviere JavaScript!
Veuillez activer / Por favor activa el Javascript!

16/03/2024

Mandalaband - Discografia.

Em 1974, quando Davy Rohl decidiu formar um grupo que pudesse divulgar seus estudos sobre o Tibet. Nascido em Stretford, Rohl desde pequeno foi um apaixonado pelas maravilhas do Egito Antigo, ao mesmo tempo que desenvolvia seus estudos de piano. Com dezessete anos, formou seu primeiro grupo, o The Sign of Life, que durou pouco mais de dois anos, até que Rohl largou a música para fazer o curso de fotografia na Manchester College of Art. Seus trabalhos o levaram a conhecer Justin Hayward, o guitarrista, vocalista e líder do Moody Blues, para quem Rohl trabalhou criando a bela arte interna do álbum A Question of Balance (1970).
 


Ainda na escola de arte, Rohl teve seu primeiro contato com a música, formando o grupo Ankh, um projeto financiado pelo guitarrista e vocalista Eric Stewart (futuro 10CC). O dinheiro de Eric ajudou ao Ankh registrar suas primeiras demos, e consequentemente, um contrato com a Vertigo, que chegou a registrar as demos através de um LP, nunca lançado oficialmente. Apesar disso, Rohl tinha créditos com os produtores, e para ele foi oferecida a oportunidade da construção de um estúdio na cidade de Poynton, o qual Rohl batizou de Camel Studios, mostrando mais uma vez sua paixão pelo Egito (lembrando que Ankh significa “Sinal de Vida” em egípcio). 

Foi nos estúdios Camel que nasceu a Mandalaband. A suíte “Om Mani Padme Hum” foi uma das primeiras composições que ele criou, e logo tratou de conseguir músicos para gravá-la, tornando-se a primeira demo do grupo, junto com outras composições criadas pelos demais músicos, os quais eram os já citados Dave Durant (vocais), Vic Emerson (órgão, moog e clavinete), Ashley Mulford (guitarras), John Stimpson (baixo), Tony Cresswell (bateria), e que formaram a Mandalaband. Ashely e John faziam parte do grupo Friends, e os demais vinham de pequenas bandas da Inglaterra. 

Essa demo chegou na gravadora Chrysalis Records, que assinou com a Mandalaband.  O sexteto virou uma das grandes esperanças da gravadora, que investiu na Mandalaband, colocando-os como banda de abertura para o guitarrista Robin Trower durante sua primeira turnê como headliner pós saída do Procol Harum. O Mandalaband tocou durante toda a perna inglesa da turnê, durante fevereiro de 1975, totalizando vinte shows com audiência média de 2 mil pessoas por apresentação, que tinha como principal destaque a apresentação na íntegra de “Om Mani Padme Hum”. 

Porém, nem tudo foram flores. Ashley tinha apenas dezoito anos na época, e era um assíduo consumidor de ervas capazes de expandir sua mente, vivendo no meio de uma comunidade hippie praticamente sem dinheiro nenhum. Para piorar, sua namorada engravidou, e a filha acabou nascendo no meio da turnê. Ashley teve que vender a única propriedade que tinha para poder sustentar sua filha, que era a guitarra. Só que Ashley acabou usando parte do dinheiro para experimentar mais algumas ervas, e com isso, acabou passando alguns dias detido na cadeia de Buckley Hall. 

Um substituto era necessário com urgência, e conta a lenda que o músico convidado foi nada mais nada menos que Robert Fripp, que havia acabado de extinguir o King Crimson. Porém, quando Fripp deparou-se com os solos de “Om Mani Padme Hum”, desistiu de participar do projeto, por considerar as mesmas extremamente difíceis. Coube então para Vic fazer as partes da guitarra nos teclados e no clavinete. 

Ashley voltou para a banda, e as sessões de gravação de Mandalaband começaram agora sem outro membro, exatamente o líder David Rohl, que deixou a banda logo no primeiro dia de gravação, indo trabalhar em Manchester, já que a gravadora não queria a participação dele na mixagem, mas sim um produtor experiente como John Alcock, responsável depois pelos álbuns mais famosos do Thin Lizzy, Jailbreak (1976) e Johnny the Fox (1977). 

Rohl acabou sendo convidado para participar da mixagem depois do álbum pronto, já que a gravadora não havia gostado do que tinha ouvido. Quando o criador da Mandalaband ouviu o mesmo, ficou também bastante insatisfeito com o resultado final, tendo que remixar tudo novamente para conseguir recriar a potência e a atmosfera da versão original de “Om Mani Padme Hum”, até que Mandalaband é lançado em outubro de 1975, com uma última mixagem que novamente deixou Rohl insatisfeito. Apesar disso, a versão oficial é uma Maravilha, conforme citado acima, sendo o preferido dos fãs e inclusive tendo rodado bastante no programa BBC Radio One. A versão demo acabou saindo oficialmente anos depois, como bônus do álbum Mandalaband I, na versão em CD que saiu no final dos anos 90. 

Depois de Mandalaband, o grupo acabou, com Vic, Dave, Ashley e John formando o grupo Sad Café, junto de Ian Wilson (guitarras). Por lá, Dave ficou pouco tempo, sendo substituído por Paul Young (futuro Mike & The Mechanics). De Dave nunca mais se ouviu falar durante muito tempo. Rohl acabou indo trabalhar junto ao Indigo Sound em Manchester, onde foi o responsável pela criação da trilha sonora da primeira versão do filme O Senhor dos Anéis, a qual também nunca foi lançada, por conta de não conseguir financiamento suficiente para concluir a obra. Porém, ela acabou sendo aproveitada no segundo álbum da Mandalaband, que demorou dois anos sendo gravado, e foi batizado The Eye of Wendor: Prophecies, um álbum que tem como conceito a principal obra de J. R. R. Tolkien, e que originalmente era para ter sido lançado no formato triplo, mas acabou saindo mesmo no formato simples em maio de 1978. 

No registro, Rohl contou com a participação de diversos músicos, destacando Noel Redding, Justin Hayward, Kim Turner e Eric Stewart. É difícil fazer qualquer comparação com Mandalaband, já que as canções de The Eye of Wendor: Prophecies são mais curtas, e claro, como o tema é conceitual, encaixam-se formado uma interessante história, com momentos bastante atraentes, principalmente nas exóticas variações de “The Eye of Wendor”, carregada de orquestrações e fortíssima candidata a melhor canção do LP, a potência dos metais de “Ride to the City” ou a hipnotizante viagem de “Dawn of a New Day”, com a inconfundível voz de Justin Haywrd, ou o piano de “Aenord’s Lament”, e outros inesperados, como a dançante “Florian’s Song”, o andamento tipicamente ABBA de “Silesandre”, o insano saxofone da linda “Funeral of the King” O relançamento de The Eye of Wendor: Prophecies, agora como Mandalaband II, na década de 90, trouxe como bônus versões originais de três canções do álbum: “The Eye of Wendor”, “Silesandre” e “Black Riders”. 

Nesse meio tempo, Rohl trabalhou arduamente como produtor, sendo seus principais trabalhos ao lado de Barclay James Harvest - Octoberon (1976),  Gone to Earth (1977), Live Tapes (1978), e XII (1978) – além de ser o responsável pelo surgimento do grupo Vega. 

Nos anos 80, ele abandonou a música para voltar aos seus estudos sobre o Egito Antigo, concluindo o curso de Egiptologia em 1990, na University College London, e formando-se doutor em História Antiga na mesma Universidade em 1996. Uma das especialidades de Rohl eram as escavações, sendo que nesta área, ele trabalhou para o Instituto de Arqueologia de Londres em sítios da Síria e Egito. Rohl também trabalhou como apresentador de diversas séries de documentários sobre o Egito Antigo e escreveu diversos livros sobre o tema, ganhando o apelido de O Verdadeiro Indiana Jones. 

Porém, a música sempre se fez presente na vida de Rohl. Em 2003, ele construiu seu próprio estúdio na Espanha, no alto de uma montanha na cidade de Kandovan, com uma linda vista para o mar Mediterrâneo. Por lá, entre fevereiro de 2007 e junho de 2009, ele fez o terceiro registro da Mandalaband, agora batizada Mandalaband III, trazendo a participação de Ashley Mulford novamente nas guitarras, além de Troy Donockley (Uilleann pipes, whistles, guitarras e bouzouki), Marc Atkinson (violões e voz), Jose Manuel Medina (teclados, violões e backing vocals), Sergio Garcia (violões), Kim Turner (bateria, percussão e bandolim), Craig Fletcher (baixo e backing vocals), Barbara & Briony Macanas (backing vocals), e  Woolly Wolstenholme (teclados e voz). 

Vale a pena ressaltar que Wooly e Turner também participaram da Mandalaband na década de 70, sendo parte dos diversos músicos que registraram The Eye of Wendor: Prophecies em 1978. Além disso, Wooly foi membro do grupo Barclay James Harvest a partir de 1978. Esse time lançou o terceiro registro, BC – Ancestors (2009), um álbum bastante voltado para a onda New Age, com pitadas fortes de rock progressivo, seguindo trabalhos de nomes como Enigma, Enya e Buddha Bar. A definição do álbum mostrada no encarte já antecipa: “Este é um álbum sem-vergonha de ser rock sinfônico, no qual pretendemos criar temas majestosos, melódicos, com toques da atmosfera e do ambiente Celta, …, as orquestrações são complexas e ricas, com mínimas concessões para o padrão de quatro peças de uma fórmula comum ao rock“. 

O álbum é conceitual, narrando os tempos antigos antes do nascimento de Cristo, contando sobre o nascimento das grandes civilizações desde o Éden, passando pelos sumérios, Assírios, babilônios, gregos, até chegar ao povo Egípcio. As canções que chamam a atenção dos ouvidos são aquelas com o trabalho de guitarra em destaque, no caso “Ancestors”, “Nimrod”, “Karum Kanesh” ou ainda a arrepiante orquestração do poema “Roots”. No geral,  BC – Ancestors é uma grata experiência. 

Em 2010, a coletânea dupla Ressurection (2010) trouxe os dois primeiros álbuns da Mandalaband com uma nova mixagem e mais bônus. Pouco depois, quando as gravações do quarto álbum começaram a ser feitas, Wooly faleceu, em 10 de dezembro de 2010, quando suicidou-se após uma longa batalha contra problemas mentais. 

AD – Sangreal é outro álbum conceitual, que chegou às lojas em junho de 2011,  totalmente dedicado à Woolly. Por suas canções, temos a história da lenda do Cálice Sagrado, com José de Arimatéia e sua sobrinha, Maria Madalena, carregando o sangue de cristo em um Cálice Sagrado de Israel para a Europa. A viagem de ambos é narrada através de quatorze faixas épicas, a maioria delas verdadeiros hinos musicais, mantendo o clima New Age de seu antecessor, e carregado nas orquestrações e corais. Os destaques ficam justamente pelo desenrolar da história, muito bem narrada, mostrando a chegada de Maria Madalena nas montanhas de Provence, a construção da primeira Igreja em nome de Jesus por José de Arimatéia, em Glastonbury, a conversão ao cristianismo de Linus, filho de Caradoc, rei de Gales e outros fatos importantes e enigmáticos se ocorreram ou não, já que musicalmente todo o álbum é bastante coeso, deixando como relevância a linda “Saracens”, apimentada por magníficas linhas orientais. 

A banda foi renomeada para Mandalaband IV e uma nova formação, agora com Alison Carter (backing vocals), Lynda Howard (backing vocals), Morten Vestergaard (baixo), Pablo Lato (baixo), e David Clements (baixo). Porém, a principal novidade vai para o retorno de Dave Durant ao posto de vocalista do grupo, aparecendo soberba e arrepiantemente na segunda parte de “The Kingdom of Aragon”, com o mesmo vozeirão dos anos 70. 

Mandalaband em 2009: Troy Donockley, Kim Turner, Jose Manuel Medina, Ashley Mulford, Barbara Macanas, Briony Macanas, Marc Atkinson, David Rohl e Simon Waggott. 

A banda está atualmente em um processo de estagnação, mas provavelmente, quando menos esperar, um novo álbum trazendo as histórias de David Rohl poderá aparecer para os fãs se deleitarem, e quem sabe, uma Maravilha como “Om Mani Padme Hum”.



Bitrate: 192Kbps.
 
Álbuns.

Mandalaband (1975)
01. Om Mani Padme Hum & Movement O (7:47)
02. Om Mani Padme Hum & Movement T (4:34)
03. Om Mani Padme Hum & Movement T (3:29)
04. Om Mani Padme Hum & Movement F (4:58)
05. Determination (5:51)
06. Song For A King (5:23)
07. Roof Of The World (4:32)
08. Looking In (4:43)


The Eye Of Wendor: Prophecies (1978)
01. The Eye Of Wendor (4:47)
02. Florian's Song (2:37)
03. Ride To The City (3:25)
04. Almar's Tower (1:56)
05. Like The Wind (2:43)
06. The Tempest (1:03)
07. Dawn Of A New Day (4:15)
08. Departure From Carthilias (2:58)
09. Elsethea (2:48)
10. Witch Of Waldow Wood (4:37)
11. Silesandre (3:30)
12. Aenord's Lament (1:53)
13. Funeral Of The King (1:33)
14. Coronation Of Damian (2:24)
15. Dawn Of A New Day (Original Mix) (4:14)


BC: Ancestors (2009)
01. Ancestors Overture (4:01)
02. Eden (4:41)
03. Nimrod (4:54)
04. Shemsu Har (3:07)
05. Karum Kanesh (5:12)
06. Babylon (3:21)
07. The Sons Of Anak (4:52)
08. Aten (5:00)
09. Ozymandias (4:52)
10. Solomon The Wise (5:38)
11. Akhyawa (5:45)
12. The Wine Dark Sea (4:26)
13. Elissa (5:34)
14. Roots (7:01)


Resurrection (Coletânea 2010)
СD 1: Mandalaband 1975.

01. Om Mani Padme Hum (1st Movt) (8:02)
 02. Om Mani Padme Hum (2nd Movt) (4:17)
03. Om Mani Padme Hum (3rd Movt) (3:33)
04. Om Mani Padme Hum (4th Movt) (4:54)
05. Determination (5:50)
06. Song for a King (5:21)
07. Roof of the World (4:30)
08. Looking In (4:40)
Bonus Tracks.
09. Om Mani Padme Hum (Demo) (6:56)
10. Looking In (Audition) (4:53)
11. Roof of the World (Indigo) (4:32)

СD 2: The Eye of Wendor 1978.

01. The Eye of Wendor (Overture) (4:48)
02. Florian's Song (3:06)
03. Ride to the City (2:56)
04. Almar's Tower (1:58)
05. Like the Wind (2:52)
06. The Tempest (1:12)
07. Dawn of a New Day (4:07)
08. Departure from Carthilias (3:08)
09. Elsethea (2:48)
10. The Witch of Waldow Wood (4:38)
11. Silesandre (3:23)
12. Aenord's Lament (1:53)
13. Funeral of the King (1:28)
14. Coronation of Damien (2:25)
Bonus Tracks.
15. The Eye of Wendor (Indigo) (4:34)
16. The Witch of Waldow Wood (Indigo) (4:40)
17. Silesandre (Indigo) (3:24)


AD: Sangreal (2011)
01. A Bloodline Born (5:44)
02. Magdalena (7:07)
03. Palatinum Britannicum (4:26)
04. England's Heart and Soul (6:03)
05. Sancto Laurent (2:50)
06. Flight to Osca (3:13)
07. Visigoths (6:40)
08. Saracens (7:44)
09. Al-Andalus (3:32)
10. Unholy Orders (4:24)
11. The Kingdom of Aragon (6:34)
12. Holy Orders (4:43)
13. Le Perche Val (4:09)
14. Anfortas Rex (4:36)
15. Galadriel (Bonus Track) (4:22)


 
Perguntas, avisos ou problemas no blog, entre em contato através do e-mail: alex.classicrock@yahoo.com.br
 
Por vários motivos esse Blog não atende pedidos de discografias, e-mails ignorando este aviso serão marcados como Spam.