Não há como negar: o power trio é a santíssima trindade do rock
pesado. Depois que o Experience e o Cream revelaram o verbo, a humanidade foi
abençoada pelo divino poder dos decibéis. Hendrix e Clapton, no lugar mais alto
do panteão dos deuses da guitarra, ergueram verdadeiras catedrais sonoras para o
deleite dos beatos. Mais humilde e menos virtuoso, o guitarrista Gary Wagner,
como o próprio nome da sua banda indica, ergueu no máximo uma modesta paróquia.
Mas vale ajoelhar e agradecer ao céu pelo som do único e maravilhoso disco do
Parish Hall.
Não é fácil obter informações sobre essa banda e as únicas que
existem, tiradas, a maioria, do relançamento do disco em CD, são repetidas feito
ladainha por um número cada vez maior de fiéis:
“Parish Hall was a power trio from the California Bay Area. The
band consisted of Gary Wagner (guitar, piano, vocals), John Haden (bass), and
Steve Adams (drums). Specializing in a hard rock/blues rock sound, their album
was originally released near the end of 1970 on a small local California record
label.
Reminiscent of the sound of another popular trio of the day, the Jimi
Hendrix Experience, Parish Hall had begun to gain the recognition of some
European collectors by the late 1990s, and original shave fetched high prices in
collector’s markets. All songs on this album are originals written by Wagner and
hold up well when compared to other hard rock acts. (by Keith
Pettipas)”
O que posso acrescentar é que Gary Wagner, na época em que o
disco saiu, em 1970, pelo obscuro selo Fantasy, tinha 25 anos e apesar de ser um
rapaz calmo e reticente, era um dos músicos mais intensos da cidade de Stockton,
no interior da Califórnia. Ele havia passado o último ano criando um som que, em
sua cabeça, deveria ser “a música de sete ou oito anos atrás atualizada… música
simples, sem distorções”.
Gary esteve envolvido com música desde os 12 anos, quando
começou a estudar saxofone e a tocar numa banda marcial. Lá pelos 18 anos ele já
estava saturado das lições de música e resolveu começar a tocar suas próprias
ideias, o som que tinha na mente. Abandonou o sax e adotou a guitarra e o órgão,
passando a se inspirar nos blues que ouvia de seus novos ídolos Howlin Wolf,
T-Bone Walker, Muddy Waters e B. B. King. Gary alegava ter um bloqueio mental
contra o uso de qualquer tipo de distorção porque acreditava na pureza do blues
e também porque sentia que apenas uma ou duas pessoas (Hendrix e Jeff Beck)
sabiam dominar as técnicas necessárias para isso. Seu estilo vocal, ainda em sua
própria definição, foi influenciado por Ray Charles e seus seguidores, como Joe
Cocker e Steve Winwood.
As fortes convicções de Gary fizeram com que ele entrasse e
saísse de várias bandas da região de Stockton. Mas foi quando tocou na banda The
Chosen Few que ele teve seu primeiro vislumbre do estrelato, justamente quando
Sly Stone produziu um single da banda. Problemas financeiros com a gravadora, no
entanto, frustraram o lançamento do single e desanimaram tanto Gary Wagner que
ele decidiu repensar sua vida e se dedicar a recuperar carros antigos. Chegou a
ter em sua coleção 16 carros, entre eles um RollsRoyce 1932 e dois Packards. Foi
dessa coleção que surgiu a inspiração para duas músicas: “Dynaflow” e “Silver
Ghost”.
O Parish Hall marcou a volta de Gary Wagner à música, compondo
uma espécie de dez mandamentos do hard/blues (5 do lado A e 5 do lado B) que
todo coroinha do rock deveria repetir em sua primeira comunhão. Texto: Marco Gaspari.
John Haden (Baixo)
03. Ain't Feelin' Too Bad (2:50)
04. Silver Ghost (2:53)
05. Skid Row Runner (3:19)
06. Lucanna (2:32)
07. We're Gonna Burn Together (2:37)
08. Somebody Got the Blues (3:02)
09. How Can You Win? (2:53)
10. Take Me with You When You Go (2:55)
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