Muro do Classic Rock: Lightnin' Hopkins

22/10/2023

Lightnin' Hopkins - Collection.

Samuel John "Lightnin'" Hopkins foi um bluesman do Texas do mais alto calibre (nasceu em 15/mar/1912, em Centerville, TX). Sua carreira começou em 1920 e avançou até os anos 80. Durante este tempo, ele viu o Blues mudar notavelmente, mas nunca alterou muito o tipo de som triste que saía de seu violão "Lone Star". Sua destreza e agilidade em fazer intrincados riffs parecerem fáceis e sua mania fascinante de improvisar letras que coubessem em qualquer situação que lhe surgisse fizeram dele um artista adorado. Seus irmãos John Henry e Joel também eram talentosos bluesmen, mas foi Sam que se tornou uma estrela. O pequeno Hopkins desde criança viveu imerso nos sons do Blues. Em 1920, ele conheceu o lendário Blind Lemon Jefferson num piquenique da igreja em Buffalo, TX, e teve oportunidade de tocar com ele. Hopkins passaria a ser o guia de Jefferson.

Ainda adolescente, Hopkins passou a trabalhar com outro artista famoso, o cantor Alter "Texas" Alexander (que era seu primo), que lhe ensinou rudimentos musicais. Hopkins tinha outro primo, Frankie Lee Sims (um guitarrista de Blues elétrico) que também lhe passou dicas (e com quem, mais tarde, ele gravaria). Passou a acompanhar Jefferson no violão em reuniões da igreja, fato curioso já que Jefferson nunca havia se deixado acompanhar por ninguém. Isto permitiu ao garoto aprender muito e ser enormemente influenciado. Em meados da década de 30, Hopkins foi encaminhado para a Houston County Prison Farm por um delito desconhecido. No final daquela década, Hopkins mudou-se para Houston, TX, junto com Alexader numa tentativa mal sucedida de obter sucesso. No início dos anos 40, voltou para Centerville e foi trabalhar como agricultor. Hopkins tentaria uma segunda vez o sucesso em Houston, em 1946. Desta vez, enquanto cantando na Dowling Street no bar "Third Ward" (que se tornaria sua base lá), foi descoberto por Lola Anne Cullum, do selo Aladdin Records, de Los Angeles. Foi ela quem convenceu Hopkins a viajar até Los Angeles. Lá ele acompanhou o pianista Wilson Smith. O duo gravou 12 faixas em suas primeiras sessões, em 1946. Um executivo da Alladin decidiu que a dupla precisava de mais dinâmica em seus nomes e os nomeou Hopkins "Lightin'" e Wilson "Thunder" Smith (é mole?). "Katie May", gravada em 9/nov/1946 em L.A. com Smith, foi o primeiro sucesso.

Hopkins gravaria abundantemente para a Alladin, tanto em L.A. como em Houston (em 1948), obtendo um sucesso nacional com sua canção "Shotgun Blues". "Short Haired Woman", "Abilene" e "Big Mama Jump", dentre muitas outras pérolas gravadas para a Alladin eram legítimos Blues texanos de raiz. Durante este final dos anos 40 e todo os anos 50, Hopkins raramente tocou fora do Texas. Ele tocava regularmente em clubes ao redor de Houston (particularmente na Dowling St. onde ele havia sido descoberto). Um monte de outros selos passaram a gravá-lo, tanto num contexto solo como com pequenas sessões rítmicas. Por exemplo, no selo Modern/RPM obteve o hit "Tim Moore's Farm" em 1949; no selo Gold Star, obteve o hit "T-Model Blues" também neste mesmo ano); no selo Sittin' In With obteve os hits "Give Me Central 209" e "Coffee Blues", que entraram nas paradas nacionais em 1952). Hopkins ainda gravou pelas majors Mercury e Decca. Em 1954, uma incrível sucessão de lados gravados para o selo Herald, com Hopkins tocando uma poderosa guitarra elétrica, entraram para a história ("Lightnin's Boogie", "Lightnin's Special" e a incrível "Hopkins' Sky Hop"), com ele liderando uma banda com o baterista Ben Turner e o baixista Donald Cooks. No final dos anos 50, sua prodigiosa produção de gravações de alta qualidade haviam lhe rendido um séquito de fãs tanto entre os negros quanto brancos aficionados pelo Blues. Porém, o estilo de Hopkins aparentemente era rústico demais e bem à moda antiga para a nova geração de entusiastas do Rock'n'Roll (eles não devem ter ouvido "Hopkins' Sky Hop"). Assim, ele ficou escanteado. Em 1959, o pesquisador de folclore Mack McCormick redescobriu Hopkins e logo tentou colocá-lo ao alcance de um público mais amplo capitaneado pelo movimento de Folk Revival. Hopkins foi, então, apresentado às audiências integradas (brancos e negros) primeiro em Houston e depois na Califórnia, como artista Folk-Blues (um papel para o qual Hopkins havia nascido).

Hopkins estreou no Carnegie Hall em 14/out/1960, tocando junto com Joan Baez e Pete Seeger o spiritual "May Don't You Weep". Ainda em 1960, ele assinou com a Tradition Records (e obteve o hit "Mojo Hand"). O musicólogo Sam Charters produziu-lhe um disco solo para a Folkways Records, "Lightinin' Hopkins", gravado em seu minúsculo apartamento e com uma guitarra emprestada. E o resultado ajudou a introduzir o bluesman a toda uma nova geração. Ele passou a fazer muitos shows, aparecer em programas de TV e turnês pela Europa. Sua carreira entrou nos trilhos novamente com a gravação de álbuns para os selos World Pacific, Vee-Jay, Bluesville, Fire, Candid, Arhoolie, Prestige, Verve etc. Ele geralmente pedia pagamento integral adiantado, antes de sentar-se e gravar, além de raramente concordar com o pedido do produtor para mais um take de qualquer canção. Seu senso singular de tempo confundia músicos inexperientes. Nesta nova fase (de 1960 em diante), ele preferiu usualmente gravar circundado por uma banda. Em 1968, Hopkins gravou o álbum "Free Form Patterns" tendo como banda de apoio o 13th Floor Elevators (famosa banda de Rock psicodélico). Por todas as décadas de 60 e 70, ele lançou um ou, às vezes, até dois álbuns por ano e viajou muito, tocando em grandes festivais de Folk Music, em clubes e campus universitários (tanto nos EUA, como internacionalmente - ele fez 6 cidades do Japão, em 1978).

Residente por 35 anos em Houston, Hopkins gravou mais discos do que qualquer outro bluesman. O cinegrafista Les Blank o filmou informalmente num documentário elogiado em 1967: "The Blues Accordin' To Lightinin' Hopkins". Como um dos últimos grandes bluesmen, Hopkins era uma figura fascinante que uniu o estilo rural ao urbano. Ele morreu de câncer no esôfago em Houston em 30/jan/1982 aos 69 anos de idade. No obituário, o New York Times sentenciou: "one of the great country blues and perhaps the greatest single influence on rock guitar players". Texto: Mural Cultural.

Como Baixar / How To Download.

Bitrate: 192Kbps.

Álbuns.

Blues Train (1951)

01. Hello Central

02. Coffee Blues
03. Long Way From Texas
04. Mad As I Can Be
05. New Short-Haired Woman
06. Gotta Move
07. Everybody's Down On Me
08. Freight Train
09. Praying Ground Blues
10. Dirty House Blues
11. Everything Happens To Me
12. I Wonder Why
13. Buck Dance Boogie
14. Mad As I Can Be