Please enable / Bitte aktiviere JavaScript!
Veuillez activer / Por favor activa el Javascript!

19/08/2023

White Spirit (1980)

White Spirit foi uma banda inglesa de hard/heavy rock que surgiu em 75 e perdurou até meados de 81. Foi taxada como uma banda da NWOBHM, pois lançou seu primeiro e único disco em 1980. Como a grande maioria das bandas que se destacaram na NWOBHM, o White Spirit também lançou uma musica na famigerada coletânea Metal for Muthas em 1980 (mais especificamente no Volume 2). Assim como diversas bandas do movimento, o White Spirit não sobreviveu à “síndrome do disco de estreia”, por falta de dinheiro, por falta de gerencia competente, por falta de gravadora ou por falta de sorte mesmo.


Aconteceu com diversas bandas boas naquele período, como o Diamond Head, Angel Witch, Jaguar, Atom Kraft e o Praying Mantis (algumas correntes radicalistas referem que outra banda que não “sobreviveu” ao primeiro disco foi o Def Leppard, perdendo totalmente o rumo após o lançamento – pessoalmente discordo, mas tal bobagem já chegou a ser dita). Infelizmente o White Spirit engordou ainda mais esta lista. A banda era formada por Bruce Ruff (vocal), Phil Brady (baixo), Graeme Callan (bateria), Malcolm Pearson (teclados) e um jovem e ainda desconhecido Janick Gers na guitarra.

O disco contava com uma influencia mais acentuada em Deep Purple, diverso da sonoridade predominante de outras bandas do movimento, que reverenciavam Thin Lizzy, Ufo, Scorpions, Judas Priest, dentre outros medalhões do rock inglês. Mesmo assim Gers era exímio em criar os esperados riffs dobrados que se unificavam aos sintetizadores e teclados de Pearson. Neste período, um disco com teclados mais na tradição do órgão e de sintetizadores era meio arriscado, e trazia engulhos aos executivos de gravadoras que sempre esperavam pelo próximo hit que angariaria o próximo milhão de dólares ou libras (vale frisar que a moda predominante era a do synth pop). Mesmo com a sonoridade mais rebuscada, a banda demonstrou maturidade e força consideráveis que possivelmente os guiariam para uma carreira de sucesso.

Inclusive, há lendas que a banda teria feito um pacto ao qual ficaria totalmente proibida a saída de qualquer membro da banda. Tal pacto foi reforçado após a assinatura com a MCA, e com uma turnê de divulgação do disco pelo Reino Unido que incluiria uma apresentação fabulosa no prestigiado Festival de Reading em 80. No entanto o pacto foi quebrado. Ian Gillan assistiu ao show do grupo e ficou mesmerizado com a atuação de Gers. Imediatamente convidou-os para a turnê com a banda Gillan. Os dois tornaram-se amigos e menos de um ano após o primeiro encontro, Gillan e o guitarrista da sua banda, Bernie Tormé, tiveram uma discussão inflamada, que motivou a sua demissão. Para seu lugar foi chamado o então guitarrista do White Spirit. O restante do grupo ficou sabendo da proposta, e certos que não seriam traídos em seu pacto, não se preocuparam com o convite. Pois deveriam!!! O guitarrista nem pensou duas vezes em dizer sim para a proposta.

Com a saída de Gers a banda acabou imediatamente, e sem retornos, sendo este disco a única herança do grupo. E um maravilhoso disco, diga-se de passagem, brilhantemente produzido e soberbamente performado. Todos os músicos da banda se destacavam em seus devidos instrumentos. Outra “celebridade” que fez parte da banda foi um iniciante Brian Howe, que entrou no lugar de Ruff, pouco tempo antes da saída de Gers e oficial termo do grupo. O disco abre com uma sensacional faixa chamada Midnight Chaser, com um riff mortal que possivelmente inspirou Adrian Smith a compor o riff de 2 Minutes to Midnight de Powerslave (84). Além do Maiden, o Accept também bebeu na mesma fonte de inspiração ao criar a faixa que pariu o tal do speed metal, Flashing Rock Man do disco Restless and Wild (82). A musica se tornou o single, e uma abertura perfeita, com a simbiose perfeita entre todos os músicos.

Não há exceção na excelência desta musica, solos, riffs e a pegada da cozinha estão perfeitos, bem no pique da NWOBHM. A segunda faixa Red Skies tem um sabor mais épico, mesmo sendo mais rápida e traz uma unificação entre guitarra e teclados que conseguiram criar uma sonoridade única, como se partilhassem de um único instrumento. Tal qual esta dinâmica, a parte do refrão com o violão também traz esta espécie de simbiose. Gers e Pearson com certeza eram uma dupla fabulosa e totalmente entrosada. Afastavam-se um pouco da influencia pura em Deep Purple, mesmo com os teclados à moda Jon Lord (que ainda fazia uso da mesma sonoridade no Whitesnake). A parte do sintetizador e do riff melódico é estupenda. High Upon High é outro single e se trata de uma musica mais melódica e vibrante, bem ao estilo radiofônico, mas sem soar tão melosa. Era uma legitima faixa hard rock, e quase poderia se encaixar no estilo rock de arena. E se caso existisse um segundo disco, possivelmente este seria a inspiração que seria seguida. A faixa é empolgante e tem um belíssimo solo de órgão, além de uma parte dobrada entre guitarra e sintetizador fabulosa. A condução firme da cozinha é outro destaque.

Grande clássico da NWOBHM. Way of the Kings é outra faixa que abre com um riff de Gers fabuloso e ganha em peso e feeling, em uma faixa bem trabalhada, com uma certa inclinação progressiva. Gers com certeza se destacou no grupo, e razões para tal não faltaram, pois a influencia em Rory Gallagher, Blackmore e Jeff Beck saltavam aos ouvidos dos headbangers, além de sua enérgica presença em palco com o uso de inúmeros truques de guitarra (Gers costumava atirar a guitarra para cima diversas vezes durante a apresentação e conseguia continuar tocando normalmente após a aterrissagem, influencia de Blackmore, porém Gers atirava mais alto que o mago do Purple/Rainbow). No Reprieve é outra faixa vibrante, mais rápida que as anteriores, e ficava à sombra do arrasador clássico que abre o disco. Grande riff e execução. A sexta faixa Dont Be Fooled é outra conduzida por um espertíssimo riff de guitarra inicial com prosseguimento mais hard rock, e conta com uma grande ponte para o refrão que retoma o riff inicial.

Como todas as faixas que compõe este disco, é uma pequena e brilhante joia no rock n roll. A parte final com o riff completado com baixo, bateria e teclados lembra muito Deep Purple e subsequentemente Rainbow. A faixa que encerra o disco é a épica e soberbamente bem trabalhada Fool for the Gods com influencia no rock progressivo e mudanças de andamento que demonstram a destreza do grupo. Começa com um teclado assumidamente formal e “espacial”, bem ritualístico e solene, mostrando o lado experimental progressista do grupo. O vocal de Ruff esta perfeito nesta faixa e a parte narrada na segunda estrofe chama a atenção dando ainda mais sabor ao tom formalista da faixa, que logo é quebrado por um riff heavy rock legitimo. Uma das partes da faixa chega a lembrar um pouco a faixa épica Sign of the Cross do sombrio X Factor do Maiden. Vale frisar que Gers “trabalhou” bastante nesta fase com Bayley, e também como compositor (de mão cheia). O encerramento da faixa (antes da ultima estrofe) é excepcional, lembrando a dinâmica da faixa titulo do clássico Heaven and Hell, com um solo de guitarra fabuloso, além de um interlúdio maravilhoso de violão. Encerramento perfeito para um disco perfeito.

O disco se tornou um clássico cult, e é praticamente impossível se encontrar o vinil original, bem como é difícil (mas não impossível) encontrar uma completa edição dupla lançada pela Neat Records/Castle/Sanctuary Records no E-bay ou na Amazon (porém, a preços proibitivos). A edição dupla traz diversas raridades, dentre singles, eps e demos, dentre elas, o lado B Cheetah (uma junção de clichês embasados em Deep Purple que deu certo), além de Backs to the Grind (single) e duas faixas que ficaram de fora do disco, Nowhere to Run e Cant Take It (que lembrava um pouco a banda Gillan, inclusive na postura vocal de Ruff).

Como dito anteriormente, a quebra do pacto destruiu com as chances de uma banda de previsível sucesso. O entusiasta da NWOBHM, Lars Ulrich conceitua o disco como um dos grandes clássicos do movimento, além de destacar o trabalho de Gers e Pearson. Janick Gers foi para a Gillan, que foi desativada temporariamente com a saída de Gillan que iria para o Sabbath e subsequentemente para o Purple. Gers ficou um tempo parado, e em 85 formou foi compor a banda Gogmagog com Paul Dianno, Pete Willis, Clive Burr e Neil Murray (ou seja, uma reunião de dissidentes de outras bandas). A tal banda ainda contaria com John Entwistle e Cozy Powel, mas no final não deu certo. Após, o guitarrista trabalhou com Bruce Dickinson em seu álbum solo e com Fish, do Marilion. Graeme Crallan se juntou à outro grupo da NWOBHM, o grupo Tank. Quanto aos demais, não há localização exata de suas atividades, ainda mais se considerar-se o calibre de músicos como Brian Ruff, Phil Brady e do mago Malcom Pearson.

White Spirit é um disco fabuloso, e merece ser conhecido imediatamente. Como já dito anteriormente, é uma joia de raríssimo brilho e valor, que deve sair das sombras para compor as coleções dos conhecedores de rock espalhados pelo mundo. Texto: Rusty James. 

Integrantes. 

Bruce Ruff (Vocal Principal, 1975-1981)
Brian Howe (Vocal Principal, 1981)
Janick Gers (Guitarra, 1975-1981)
Phil Brady (Baixo, 1975-1981)
Graeme Crallan (Bateria, 1975-1981)
Malcolm Pearson (Teclados, 1975-1981)

CD 1: Original Album.

01. Midnight Chaser (5:17)
02. Red Skies (4:58)
03. High Upon High (4:26)
04. Way Of The Kings (5:31)
05. No Reprieve (4:45)
06. Don't Be Fooled (5:24)
07. Fool For The Gods (10:08)

CD 2: Demos & Singles.

01. No Reprieve (4:05)
02. Cheetah (3:10)
03. Backs To The Grind (4:05)
04. Nowhere To Run (3:43)
05. Can't Take It (2:55)
06. High Upon High (Metal For Muthas II Version) (3:42)
07. Red Skies (Muthas Pride Version) (4:40)
08. Midnight Chaser (7" Single Version) (3:47)
09. Suffragettes (7" Single Version) (3:26)
10. Watch Out (Original Version With Brian Howe's Vocals Overdubbed) (4:02)
11. Backs To The Grind (7" Single Version) (3:40)
12. Cheetah (7" Single Version) (3:33)

(320Kbps)

 
 
Todos comentários aparecem após a aprovação, portanto aguarde a moderação do seu comentário sem precisar repeti - ló várias vezes.

Perguntas, avisos ou problemas no blog, serão atendidos somente através do e-mail: alex.classicrock@yahoo.com.br

Quem insistir em escrever nos comentários será ignorado e o problema não será corrigido.

Por vários motivos esse Blog não atende pedidos de discografias, e-mails ignorando este aviso serão marcados como Spam.

Links alheios não serão permitidos.

Respeite os gostos e opiniões alheias, críticas, ofensas e discussões com palavras de baixo calão não serão permitidas.